Nos últimos tempos, tenho observado uma coisa que me inquieta profundamente: a linha entre a extrema direita e a extrema esquerda é muito mais tênue do que parece. E não, isso não é um discurso “isentão”. É uma constatação.
Ambos os extremos têm mais em comum do que gostariam de admitir. Usam os mesmos métodos: cancelamento, perseguição, intolerância e idolatria de líderes. A diferença está só no uniforme.
De um lado, se grita por liberdade, mas se cala ou se hostiliza quem pensa diferente. Do outro, se clama por justiça social, mas se atropela qualquer valor ético em nome do “progresso”. Os dois lados agem como se fossem donos absolutos da verdade, e qualquer um que discorde já é rotulado, eliminado, silenciado.
Ideologias, quando se tornam absolutas, matam o diálogo. E onde não há diálogo, não há convivência possível. E sem convivência, perdemos a essência da política, da democracia — e até da fé.
Como cristão, não consigo me encaixar em extremismo algum. O Evangelho não cabe em ideologia. Jesus não era “de esquerda” nem “de direita”. Ele era da verdade. E a verdade, muitas vezes, incomoda tanto um lado quanto o outro.
A gente precisa de discernimento. Precisamos ter coragem de olhar para o que é justo, e não apenas para o que é conveniente ao nosso “lado”. O Papa Bento XVI já dizia: “A verdade não é determinada por maioria de votos.” E o Papa Francisco alerta que nenhuma ideologia pode sequestrar a fé.
Se você está aplaudindo cegamente tudo o que um lado diz, talvez já tenha deixado de pensar por conta própria. E se odeia mais do que ama, já se perdeu.
Não há salvação na ideologia. Só há liberdade onde há verdade, e verdade só é completa quando caminha com o amor.